terça-feira, 31 de maio de 2011

Refletindo sobre a prática...

Para Sara, Raquel, Lia e todas as crianças

"Eu queria uma escola que cultivasse a curiosidade e alegria de aprender que é em você natural.
Eu queria uma escola que educasse o seu corpo e seua movimentos, que possibilitasse seu crescimento físico, sadio e normal.
Eu queria uma escola que lhes ensinasse tudo sobre a natureza, o ar, a matéria, as plantas, os animais, seu próprio corpo, Deus.
Mas que ensinasse primeiro pela observação, pela descoberta, pela experimentação.
E que dessas coisas lhes ensinasse não só a conhecer, como também a aceitar, amar e preservar.
E que dessas coisas lhes ensinasse tudo sobre a nossa história, e a nossa terra, de uma maneira viva e atuante.
Eu queria uma escola que ensinasse a vocês a usar bem a nossa língua, a pensar e a se expressar com clareza.
Eu queria uma escola que ensinasse a vocês a amar a nossa literatura e a nossa poesia.
Eu queria uma escola que lhes ensinasse a pensar, raciocinar, a procurar soluções.
Eu queria uma escola que, desde cedo, usasse materiais concretos, para que vocês pudessem ir formando corretamente os conceitos de números, as operações... Usando palitos, tampinhas, pedrinhas... Só porcariinhas!!!... Fazendo vocês aprenderem brincando...
Deus que livre vocês de decorar sem entender, nomes, dats, fatos...
Deus que livre vocês de aceitar conhecimentos prontos, mediocremente embalados nos livros didáticos descartáveis.
Deus que livre vocês de ficarem passivos, ouvindo e repetindo, repetindo...
Eu queria também uma escola que desenvolvesse a sensibilidade que vocês já tem para apreciar o que é terno e bonito.
Eu queria uma escola que ensinasse a vocês a conviver, a cooperar, a respeitar, a esperar, e saber viver numa comunidade em união.
Que vocês aprendessem a transformar e criar.
Que lhes dessem múltiplos meios de vocês expressarem cada sentimento, cada drama, cada emoção.
Ah! E antes que eu me esqueça! Deus que livre vocês de um professor que não consiga perceber a riqueza de seu pequeno mundo."

Carlos Drummond de Andrade 

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