sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Material do Fórum sobre Avaliações Externas

AVALIAÇÕES EXTERNAS E AVALIAÇÃO FORMATIVA: UMA ARTICULAÇÃO POSSÍVEL?
Benigna Maria de Freitas Villas Boas

A avaliação é necessária, tanto a que é realizada na/pela escola quanto a que é feita por equipes externas. Na escola todos avaliam e são avaliados, assim como são avaliadas todas as atividades desenvolvidas. Essa é a avaliação comprometida com as necessidades de cada estudante e com o seu desempenho, com vistas à continuidade das suas aprendizagens.
Como se percebeu nos textos anteriores, a partir de 1990 as avaliações externas passaram a ganhar importante espaço em nosso país. Primeiramente se implantou o SAEB, em seguida veio o ENEM, surgiram a Prova Brasil e a Provinha Brasil e, inspirando-se nas iniciativas de nível nacional, os estados também criaram suas próprias avaliações externas. No Distrito Federal, em 2008 teve início o SIADE.
A partir da criação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB – em 2007, instalou-se a competição entre estados, sistemas de ensino e escolas. A avaliação externa, que teria o grande objetivo de oferecer informações para a formulação e reformulação de políticas educacionais, passou a mudar de rumo. Criaram-se os indesejados ranqueamentos.
Em artigo publicado na Folha de São Paulo do dia 23/04/09, no Caderno Equilíbrio, Rosely Sayão narra a correspondência recebida de uma leitora, cuja filha cursa a sexta série do ensino fundamental. Ela está em dúvida quanto à permanência da filha na escola.
Conta que escolheu a instituição há cinco anos pela localização e pela qualidade do ensino. Nesse período, a escola alcançou destaque na mídia pelos resultados alcançados no ENEM e, a partir disso, mudou sua forma de trabalhar. O número de alunos matriculados subiu muito e os professores passaram a fazer cobranças excessivas aos alunos em relação aos conteúdos curriculares e a colocá-los sob pressão constante. A mãe da menina acredita que essa mudança é decorrente da colocação no ranking de escolas, e não da melhoria do ensino. Rosely Sayão relata que ela construiu uma comparação muito bem-humorada: “o que aconteceu com a escola foi o mesmo que dar um sapato de salto alto a uma adolescente ainda sem total equilíbrio do corpo, o que faz com que ande com muito medo de cair”. Como consequência, a menina passou a se mostrar ansiosa com a vida escolar e tem pedido para trocar de escola. É essa a dúvida de sua mãe. Se ela aceitar o pedido, se sentirá culpada por não oferecer à sua filha um bom estudo - afinal, a escola está nos primeiros lugares no tal ranking! Caso insista para que a garota fique na escola, receia que sua relação com os estudos fique prejudicada por tanta tensão. Sayão ressalta que nenhuma das duas decisões trará tranquilidade e satisfação à família toda.
A autora pergunta: “que benefícios trazem aos pais esses rankings de escolas, baseados em avaliações de alunos e em índice de aprovação em certos vestibulares? Rigorosamente, nenhum. Parece que as únicas a lucrar são as escolas, pois acabam por ganhar publicidade e espaço na mídia sem nenhum ônus. Fica a impressão de que acaba mesmo é nas mãos dos pais a responsabilidade de oferecer um bom estudo para os filhos: depende da escolha que fizerem”. A autora propõe as seguintes reflexões: será que se pode considerar uma boa escola aquela que cobra em demasia dos alunos, que acabam tendo de recorrer a aulas particulares para acompanhar o exigido? É boa a escola que seleciona os alunos com quem vai trabalhar, levando em conta suas possibilidades de êxito, e exclui os que considera "problemáticos" ou com “dificuldades de aprendizagem”? Segundo ela, há várias escolas nos primeiros lugares nas classificações que estão organizando seu trabalho dessa maneira. A autora aponta as características do que ela denomina de uma boa escola: ensina com rigor e exige o máximo de seus alunos; ensina a construção da disciplina necessária para estudar; trabalha com qualquer aluno e convoca todos eles a terem compromisso com o ato de aprender; ensina a conviver com coleguismo; respeita diferenças de ritmo e de aprendizagem de seus alunos, entre outras coisas. E tudo isso, acrescenta, no horário das aulas, sem repassar tais responsabilidades aos pais.
Freitas et al (2009, p. 70) nos fazem a seguinte provocação: “Não podemos mudar o rumo da avaliação se este estiver na contramão dos direitos das crianças?” Nessa obra os autores afirmam que a avaliação da aprendizagem em sala de aula é o lado mais conhecido da avaliação. Contudo, não é o único. Os seus resultados precisam ser articulados aos dos outros níveis que compõem a avaliação, “sob pena de não darmos conta da complexidade que envolve a questão e reduzirmos a possibilidade de construção de processos decisórios mais circunstanciados e menos ingênuos” (op. cit., p 9). Os autores postulam a existência de três níveis integrados de avaliação da qualidade de ensino: avaliação em larga escala de redes de ensino (realizada no país, estado ou município); avaliação institucional da escola (feita em cada escola pelo seu coletivo); e a avaliação da aprendizagem em sala de aula, sob a responsabilidade do professor (op. cit., p 10).
O SAEB, o ENEM, a Prova Brasil, a Provinha Brasil e o SIADE constituem instrumentos de avaliação em larga escala, tendo como objetivo geral acompanhar redes de ensino para traçar séries históricas do desempenho dos sistemas e reorientar políticas públicas. Quando aplicados com metodologia adequada, podem trazer importantes informações sobre o desempenho dos estudantes, dados sobre os professores, condições de trabalho e funcionamento das escolas da rede etc. (op. cit., 47). No Brasil a avaliação em larga escala tem sido conduzida pelos níveis federal e pelos estados. Os autores citados comentam que se criou a ilusão de que essas avaliações de larga escala podem avaliar também a escola e os professores. Eles propõem que as avaliações de redes sejam realizadas pelos municípios. Assim, a unidade seria o município e não a federação ou o estado. E explicam: isso não impede que estes últimos realizem suas avaliações de larga escala, mas não com o propósito de avaliar uma escola ou suas salas de aula. Faz sentido essa proposta: os municípios estão mais próximos das escolas e precisam assumir compromisso com o seu desenvolvimento. Os autores esclarecem:
As políticas de avaliação centralizadas se esquecem que não basta o dado do desempenho do aluno ou do professor coletado em um teste ou questionário e seus fatores associados. É preciso que o dado seja “reconhecido” como “pertencendo” à escola. Medir propicia um dado, mas medir não é avaliar. Avaliar é pensar sobre o dado com vistas ao futuro. Isso implica a existência de um processo interno de reflexão nas escolas – que chamamos de avaliação institucional em capítulo anterior (op. cit., 48).
Observe o leitor que um dos processos de avaliação do SIADE é a Avaliação da Gestão Compartilhada e da Gestão Escolar Regimental da Instituição Educacional. Contudo, como o SIADE ainda é um sistema em implantação, não se sabe se o processo acima mencionado propiciará reflexão nas escolas acerca dos dados obtidos por meio da avaliação.
Os autores apontam uma justificativa para o fato de o município ser a unidade das avaliações de rede: além da dimensão técnica, largamente conhecida, a avaliação tem a dimensão política, sem a qual terá dificuldade de ser aceita, o que comprometerá o uso dos seus resultados. Reafirmam: o nível municipal é o local onde melhor se pode combinar a legitimidade técnica com a política. A dimensão política é a que assegura o uso devido dos resultados por todos os que fazem parte do processo. Ela cria as condições de transparência do desenvolvimento do processo avaliativo e do uso que se fará dos resultados.
Freitas et al (2009, p. 65) questionam o envio às escolas dos resultados das avaliações em larga escala para que sejam examinados pelos educadores que nelas atuam, de modo que possam elaborar alternativas de melhoria do seu trabalho. Citam o caso da Prova Brasil: um site disponibiliza os resultados de cada escola no país. A partir de uma medida pontual, dizem eles, passa-se a avaliar a escola toda. Os dados não são “reconhecidos” pela escola, isto é, ela não se vê neles e o seu uso fica comprometido. Sua proposta: enviar os resultados à escola para que, “dentro de um processo de avaliação institucional, ela possa consumir estes dados, validá-los e encontrar formas de melhoria” (op. cit., p. 65). Neste ponto os autores entram no ponto central da sua proposta: a avaliação institucional fará a mediação e dará, então, subsídios para a avaliação em sala de aula, conduzida pelo professor. Por meio desse procedimento pode-se iniciar a criação da cultura avaliativa comprometida com as aprendizagens de todos e o desenvolvimento da escola. Contudo, torna-se necessário que a equipe gestora e todos os educadores da escola, estudantes e pais se envolvam no processo. Mas é importante lembrar: nesses momentos será feito o entrelaçamento da avaliação em larga escala, da institucional e a do desempenho dos estudantes. É ainda muito comum o entendimento de que só se avalia o desempenho dos estudantes. Por isso, as escolas costumam se ocupar apenas desse nível de avaliação. A articulação dos três níveis, tendo a avaliação institucional como mediadora, requer a reformulação do entendimento de avaliação, que passará a ser compreendida como de responsabilidade de todos os que atuam na escola.
Retomando o início deste texto, em que foram apresentadas as contribuições de Rosely Sayão no sentido de que não se faça ranking de escolas, salienta-se a necessidade de a escola refletir sobre as informações fornecidas pelas avaliações externas para incorporá-las às suas práticas de avaliação formativa, sempre a serviço das aprendizagens. Portanto, nosso posicionamento é de rejeição aos mecanismos de comparação e de ranqueamento. Estes só servem para tornar o trabalho escolar cada vez mais seletivo e excludente: os estudantes economicamente favorecidos continuam sendo os beneficiados.
Este Lições de avaliação 3 tem o propósito de apresentar os principais mecanismos de avaliação externa na educação básica, articulando-os à avaliação formativa praticada na escola. A proposta de Freitas et al (2009), por basear-se na concepção de educação emancipatória e no entendimento de que todos fazem a escola é a própria conclusão da nossa argumentação. Avaliações externas, sim, desde que os seus resultados contribuam para as aprendizagens de todos os estudantes, dos professores e para o desenvolvimento da escola. Por meio da articulação das avaliações externas com a praticada na escola constrói-se a cultura de avaliação formativa na instituição.

Ei... O BIA está no Canal E!!!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Resultado do Processo Seletivo para o EXPOBIA



Categoria Comunicação

Escola
Projeto
EC12
SOU CIDADÃO, E VOCÊ?
EC10
COZINHA EDUCATIVA
EC 21
MÃOS LETRADAS
CEF18
CONTOS DE FADAS – “ERA UMA VEZ...BRUXAS E FADAS”
EC16
LENDO E COMPREENDENDO O MUNDO QUE DEUS NOS DEU...MEIO AMBIENTE E CIDADANIA SOB UM NOVO OLHAR
EC 01
COM A MÃO NA MASSA
EC50
CIRANDA DE LIVROS

Obs. O turno e o horário da apresentação serão informados posteriormente.



Categoria Estande

Escola
Projeto
EC CAVP
ERA UMA VEZ...
EC 24
AS AVENTURAS DO MEU BOTÃO
EC 42
PARA GOSTAR DE LER
EC 2 VP
PRESERVIDA
EC 29
COLETÂNEA DE APRENDIZAGENS
EC GUAR
ESCREVER É LEGAL
EC 15
A PINTURA NO MUNDO DE TARSILA DO AMARAL
EC18
GENTE DO BEM CONHECE, VALORIZA E AMA SUA HISTÓRIA



Apresentações Culturais

Escola
Apresentação
EC 10
DANÇA
EC 21
DANÇA
EC CAVP
TEATRO
EC 48
CANTO
EC Guar
DANÇA
EC 53
CANTO


Agradecemos à todas as escolas que se inscreveram para o evento e cabe ressaltar, que as escolas que não irão expor seus projetos nas categorias Comunicação e Estande deverão participar com a exposição do Pôster/Banner, a fim de socializar os trabalhos/projetos desenvolvidos pela escola ao longo do ano letivo de 2011, conforme especificações contidas nas Orientações Gerais enviadas por meio da Circular nº 380/2011 de 13/10/11.

Estamos em contagem regressiva...

Provinha Brasil de Linguagem - 2ª fase

Oficina Metodologia Investigativa no Ensino de Ciências - Parte 5


LETRAMENTO E DIVERSIDADE COMO EIXOS DO CURRÍCULO
A instituição educacional é um espaço sociocultural em que as diferentes identidades são encontradas, constituídas, formadas, produzidas e reproduzidas, sendo, portanto, um dos ambientes mais propícios para se educar no tocante ao respeito à diferença...
Nesse contexto, educar para a diversidade não significa, apenas, reconhecer as diferenças, mas refletir sobre as relações e os direitos de todas e todos. Assim, é de suma importância oferecer formação continuada a professoras e professores, que atuam na educação básica, sobre conteúdos específicos das relações de gênero, étnico-racial, de orientação sexual e para as pessoas com deficiências, para que possam trabalhar com suas estudantes e seus estudantes, transversal e interdisciplinarmente.                 
  Nesse sentido, a questão epistemológica que nos remete ao conceito de letramento é, sem dúvida, um desafio deste currículo, uma vez que os elementos constitutivos da leitura e da escrita (teoria e prática) devem conjugar os conteúdos escolares às práticas sociais, a fim de consolidar os eventos do letramento sobre a aprendizagem.   

 (Currículo da Educação Básica do DF – EF09 anos)


PCN’S - CIÊNCIAS NATURAIS  


AVALIAÇÃO NO ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS
          Tradicionalmente, a avaliação restringe-se à verificação da aquisição de conceitos pelos alunos, mediante questionários. Todavia, o fato dos alunos responderem de acordo com o texto, não significa que tenham compreendido o conceito em questão.
               A avaliação pode ser efetivamente realizada ao se solicitar ao aluno que interprete situações determinadas. É necessário que a proposta de interpretação ocorra em suficiente número de vezes para que o professor possa detectar se os alunos são capazes de realizar observações, questionamentos, saibam rever, aplicar, testar e modificar suas hipóteses e explicações, ou seja, organizem informações sobre temas específicos com conceitos científicos.



                  METODOLOGIA INVESTIGATIVA – O QUE NÃO PODE FALTAR?

  1. DEFINIÇÃO DO TEMA
           Analisando os blocos de conteúdos propostos em Ciências naturais apontam-se possíveis temas, alguns internos a outros que articulam conteúdos entre as áreas de conhecimento. Os temas podem ser desde os mais abrangentes ou gerais, até os mais específicos ou circunscritos a determinados fenômenos.
  1. ESCOLHA DO PROBLEMA
          ...uma questão toma a dimensão de um problema quando suscita a dúvida, estimula a solução e cria a necessidade de ir à busca de informações para que as soluções se apresentem. Implica, ainda, confrontar soluções diferentes, analisá-las e concluir sobre a que melhor explica o tema em estudo.

  1. CONTEÚDOS E ATIVIDADES NECESSÁRIOS AO TRATAMENTO DO PROBLEMA
          Ao planejar o professor precisa delimitar o campo de investigação sobre o tema, abrangendo conteúdos conceituais (aqueles que dizem respeito àqueles em desenvolvimento e a outros, novos, que representam acréscimo à compreensão do tema), procedimentais (atividades a serem realizadas e os materiais necessários) e atitudinais (questões éticas, valores...). É necessário que o professor elabore e apresente aos alunos um roteiro contendo os aspectos a serem investigados, os procedimentos necessários, as atividades a serem realizados e os materiais necessários. É importante, ainda, que se esclareçam as etapas da investigação e o modo de organização dos dados obtidos.
      4.PROBLEMATIZAÇÃO

          Definido um tema de trabalho é importante o professor distinguir quais questões são problemas para si próprios, que têm sentido em seu processo de aprendizagem das Ciências, e quais terão sentido para os alunos, portanto adequadas às suas possibilidades cognitivas... É preciso que o conteúdo a ser trabalhado se apresente como um problema a ser resolvido. A problematização busca promover mudança conceitual.

  1. BUSCA DE INFORMAÇÕES EM FONTES VARIADAS
          A busca de informações em fontes variadas é um procedimento importante para o ensino e aprendizagem de Ciências... São algumas modalidades desse procedimento: observação, experimentação, leitura, entrevista, excursão ou estudo do meio, enfim, a construção do conhecimento se constitui em diferenciados modos de obter informações.
          Ao estudar o tema a ser investigado por sua classe o professor verifica uma rede de idéias implicada no tema em questão e seleciona quais irão nortear a problematização. O professor deve ter clareza de que são as teorias científicas que oferecem as referências para que os alunos elaborem suas reinterpretações sobre os temas em estudo, num processo continuo de confronto entre diferentes idéias...
          O sujeito que observa, experimenta ou lê, coloca em ação, seus conhecimentos anteriores, interpretando as informações a partir de seus próprios referenciais... É necessário que se oriente o aluno nessa busca, de modo que ele obtenha os dados necessários ao confronto das suposições previamente estabelecidas e possa reelaborá-las, tomando como referência a rede de idéias instalada pelo professor.
5.1.OBSERVAÇÃO

          ... A observação na área de Ciências Naturais é um procedimento guiado pelo professor, previamente planejado. Existem dois modos de realizar observações:

Ø  Em contato direto com os objetos de estudo: ambientes, animais, plantas, máquinas e outros objetos que estão disponíveis no meio.
Ø  Mediante recursos técnicos ou seus produtos. São os casos de observações feitas por meio de microscópio, telescópio, fotos, filmes ou gravuras.

          Ainda que o professor selecione aspectos a serem observados, é também importante que ofereça um roteiro de observação, ou proponha desafios. Uma parte das observações deve ser feita de modo espontâneo pelos alunos, seguindo seus próprios interesses, o que em geral ocorre naturalmente.

5.2.EXPERIMENTAÇÃO

          Frequentemente, o experimento é trabalhado como uma atividade em que o professor, acompanhando um protocolo ou guia de experimento, procede à demonstração de um fenômeno, principalmente para alunos pequenos, como nos casos de experimentos que envolvem o uso de materiais perigosos – ácidos, formol, entre outros – e fogo, ou quando não há materiais suficientes para todos.
          ...Ao lhe oferecer um protocolo definido ou guia de experimento, os desafios estão em interpretar o protocolo, organizar e manipular os materiais, observar os resultados e checá-los com os esperados.
5.3.LEITURA DE TEXTOS INFORMATIVOS

          Além do livro didático, outras fontes oferecem textos informativos: enciclopédias, livros paradidáticos, artigos de jornais e revistas, folhetos de campanhas de saúde, de museus, textos da mídia informatizada, etc.
          O professor precisa conhecer previamente os textos que sugere aos alunos, verificando se os pré-requisitos exigidos para a leitura são de domínio de sua classe e a qualidade das informações impressas.
          A prática de selecionar artigos de jornais e revistas é útil para o professor, que terá acesso a variedades de textos e ilustrações quando forem necessárias.
  1. SISTEMATIZAÇÃO DE CONHECIMENTOS
          É necessário que o professor organize a sistematização de conhecimentos, parciais e gerais, para cada tema estudado por sua classe. Durante a investigação de um tema uma série de noções, procedimentos e atitudes vão se desenvolvendo, fechamentos parciais devem ser produzidos de modo a organizar com a classe as novas aquisições. Ao final das investigações sobre o tema, recuperando-se os aspectos fundamentais das sistematizações parciais, é produzida, então, a síntese final.
          Dos 4ºs e 5ºs anos em diante, os fechamentos já podem se organizar na forma de textos-sínteses, maquetes acompanhadas de textos explicativos e/ou relatórios que agreguem uma quantidade expressiva de dados e informações.
Para refletir:     "A natureza criou o tapete sem fim que recobre a superfície da terra. Dentro da pelagem desse tapete vivem todos os animais, respeitosamente. Nenhum o estraga, nenhum o rói, exceto o homem." - Monteiro Lobato

Oficina Metodologia Investigativa no Ensino de Ciências - Parte 4

Oficina Metodologia Investigativa no Ensino de Ciências - Parte 3


Tudo o que você queria saber sobre pré-sal


por Willian Vieira e Maurício Horta


                Há 130 milhões de anos a América do Sul e a África começavam a se separar fisicamente. E, na rachadura entre os dois continentes, um caldo de matéria orgânica foi se acumulando. Enterrado então por uma imensa camada de sal e por sedimentos, esse cemitério de plâncton cretáceo se tornaria o novo passe para o "país do futuro". As regiões onde se formariam as bacias de Campos e de Santos foram varridas por terremotos, cheias de rios, desmoronamentos e tempestades. A cada catástrofe, enormes fluxos de sedimentos se depositaram no fundo da fenda. Assim se criou um lago estreito de água salobra de 800 km de comprimento. Esse lago virou um enorme pântano rico em plâncton - organismos como bactérias e crustáceos microscópicos. Conforme essa matéria orgânica se depositava, ela se misturava a finas partículas de argila, areia, calcário e conchas. Formou-se então a rocha porosa em que o petróleo está armazenado.

 Mas a atividade tectônica não parou por aí. Com o afastamento dos continentes, as águas do oceano passaram a invadir o lago, formando um mar longo e estreito. Assim que a água salgada evaporava, acumulava uma camada de sal no leito do mar. Com o tempo, o sal atingiu 2 mil m de profundidade.  O mar continuou se alargando e formou o Atlântico Sul. Com o calor e sob a pressão da água, do leito oceânico, do sal e de rochas, a matéria orgânica virou petróleo nos últimos 20 milhões de anos.

O petróleo do pré-sal não é dos melhores, mas ainda assim é bem superior ao do pós-sal. Hoje, 70% dele é do tipo "pesado". Para virar produtos de alto valor, como diesel, gasolina e lubrificantes, encarece muito o refino, ele acaba valendo bem menos. Já o pré-sal tem petróleo de densidade média - mais fácil de refinar, e mais valioso. Essa diferença de qualidade acontece por causa das temperaturas nas profundezas do pré-sal. O calor de 150 ºC não permitiu proliferar as bactérias que no pós-sal comeram as frações mais leves do óleo.

As plataformas serão como navios ancorados a 3 km do leito do mar. Cada uma terá até 200 funcionários, que virão em super-helicópteros capazes de vencer distâncias para aviões: 300 km em 80 minutos. Ainda não se sabe como as sondas vão vencer 2 km de sedimentos e 2 km de sal, que se comporta como uma massa plástica e impermeável teimosa. O óleo sai de 150 ºC lá de baixo do sal e chega a 4 ºC na lâmina d’água - e nesse resfriamento ele pode coagular e entupir os dutos. Junto com o petróleo vem de brinde o gás natural. Maravilha? Não. Para transportar o gás, é necessário um caro gasoduto oceânico de 300 km ou liquefazê-lo na plataforma - processo que desperdiça energia.

Ninguém sabe o quanto de petróleo existe nesta reserva, mas as estimativas da Agência Nacional do Petróleo é de que, com o pré-sal, o Brasil tenha 50 bilhões de barris de petróleo, só nas áreas prospectadas. E, se depender de anúncios mirabolantes do Ministério de Minas e Energia, esse número pode atingir 150 bilhões de barris. Se for verdade, o Brasil ultrapassará o Irã como a 3ª maior reserva do mundo.

Se você encontrou petróleo ao fazer um buraco no quintal, não, não ficou rico. O que jorrar é da União. Para ter direito de explorá-lo, vale a mesma regra de gravar a música de outra pessoa: tem que pagar royalties. Hoje, 30% dos royalties vão para a União, 26,25% para estados produtores, 26,25% para municípios produtores, 8,75% para municípios atingidos pelo transporte do petróleo e 8,75% para demais estados e municípios. O argumento para essa divisão é que os royalties servem para compensar estados e municípios produtores com o que gastarem em infraestrutura, e compensar possíveis danos ambientais. Mas quem não mama chora: deputados de estados não produtores propuseram distribuir os royalties para todos - o que tiraria R$ 8 bilhões do Rio. Isso, claro, engatilhou uma guerra entre estados. O Congresso esta estudando qual a melhor proposta de divisão.

A parte da receita do pré-sal que cabe à União vai para o Fundo Social. A ideia é que esse fundo deposite grana fora do Brasil, o que compensaria a entrada de dólar vindo do petróleo.  Assim, o fundo servirá de "colchão" quando o petróleo estiver em baixa.  Enquanto essa "poupança" deve continuar guardadinha, o governo deve sacar apenas seus rendimentos. Com essa grana, promete investir em tecnologia, educação, saúde, ambiente e combate à pobreza.

Ainda não somos autossuficientes em petróleo, embora o Brasil extraia mais petróleo do que consome, o cálculo engana. Como parte das refinarias brasileiras foi construída nos anos 70 para o petróleo leve importado do Oriente Médio, não conseguimos refinar todo o nosso óleo pesado. E aí o que fazemos é como exportar laranja e importar suco.

Na Arábia Saudita, o petróleo financia uma monarquia autoritária. Na Nigéria, alimenta conflitos étnico-religiosos. Na Venezuela, domina a economia ao ponto de a PDVSA, a "Petrobras" deles, virar um Estado dentro do Estado, e outro setores econômicos acabarem aniquilados. Mas é pouco provável que isso aconteça no Brasil. O país já era uma democracia estabelecida quando achou as megarreservas; sua economia é sólida e diversificada: apenas 8% do PIB vem do petróleo, contra 80% na Venezuela. E o Fundo Social deve evitar maiores problemas. Com o Estado controlando grande parte do setor, "o maior risco é o país não ter instituições fortes que impeçam a apropriação errônea desses recursos por grupos de poder", diz Maurício Canêdo , da FGV.

  Deverão surgir empregos nas áreas da Indústria Química (Nordeste e RJ), em estaleiros (PE,CE AL,BA,RJ, RS). Além de navios  a exploração do pré-sal tem trazido encomendas de equipamentos como helicópteros, submarinos, robôs, tudo mais ou menos made in Brazil, na marra. Isso pode trazer para cá centros de pesquisas tecnológicas de empresas estrangeiras - como a GE, que deve fazer no Rio seu 5º centro de pesquisas mundial, por US$ 150 milhões. Ele deve ter 300 funcionários, a maioria doutores.

Até 2012 a Petrobras quer contratar 207 mil profissionais. Para dar conta desse tsunami petroleiro, cerca de 100 novos cursos superiores voltados ao petróleo já pipocaram nos últimos dois anos, a maioria para tecnólogos. Mas o que mais falta é engenheiro: o déficit em 2012 será de 150 mil profissionais. Ainda assim, apenas 1 em cada 800 vestibulandos escolheram engenharia. E você? Vai perder essa?